No meu artigo "Empresas do Setor Educacional" menciono as 4 principais empresas do Setor Educacional que tem ações em bolsa.
Falo da dependência que elas têm do financiamento estudantil (FIES) para crescer e da perspectiva de redução dos recursos que o governo atual possa implementar, prejudicando a todas elas.
Naquele artigo, deixo claro a minha preferência pela KROTON (KROT3), que revelo agora ser a terceira ação da Carteira "Economia de Palito".
Lá também informo da incursão da Kroton no ensino básico, com a compra do Grupo Somos Educação. Nos próximos trimestres, começaremos a ver se essa estratégia trará bons resultados. Acredito que irá surpreender positivamente.



A empresa cresceu fortemente por meio de aquisições. Essa estratégia parece ter chegado ao fim. Tornou-se uma gigante do setor e dificilmente novas aquisições seriam aceitas pelo CADE, pelo risco de concentração excessiva, a exemplo do que ocorreu com a tentativa de compra da Estácio (ESTC3). O crescimento ou pelo menos a manutenção da liderança terá que vir de forma orgânica, com redução de custos, para manter ou aumentar as margens atuais e com a diminuição da dependência do financiamento público estudantil. Desde 2017, a Kroton firmou parceria com uma instituição financeira para oferecer Financiamento Estudantil Privado (FEP). A companhia tem também um Programa de Parcelamento (PEP), criado em 2015 para fazer frente à redução do FIES. A empresa está buscando meios de equacionar esse problema.
Vejo a administração da companhia como muito proativa, na busca por rentabilidade e na expansão de sua área de atuação.
Vamos examinar alguns números, dados do Oceans14 (www.oceans14.com.br):



A receita cresce desde 2009, principalmente por meio de aquisições e se estabiliza a partir de 2015. O lucro cresce de forma mais comedida e cai um pouco no último período, com receita no mesmo patamar, demonstrando aumento de custos em 2018.


A margem bruta cresce e se estabiliza, à semelhança da receita líquida. A margem EBIT avança até 2016, com inflexão nos 2 períodos seguintes. O Retorno sobre o PL (ROE) tem inclinação positiva até 2013, com pico em 20%, recua para se estabilizar desde então, na faixa de 11%. Para efeitos comparativos, a Estácio tem ROE médio de 15%, com picos próximos a 20%.

O PL mostra crescimento, dando um salto de 2013 para 2014 (fusão com grupo Anhanguera) e continua avançando até 2018. A dívida líquida segue controlada durante todo o período, inflexionando para baixo a partir de 2015. Deve subir nos próximos resultados, tendo em vista captação de R$ 5,5 bilhões por meio de debêntures, para quitação da aquisição do Grupo Somos Educação.


A geração de caixa operacional segue firme em todo o período, com queda de 2017 para 2018, mostrando resiliência da empresa, mesmo diante da crise, com diminuição da captação de alunos e dos desafios do FIES. O fluxo de caixa financeiro mostra curva descendente desde 2011, devido ao aumento do CAPEX (despesas de capital). O pico em 2018 foi a citada captação via debêntures, para pagamento à Somos. O próximo trimestre deve mostrar a queda para os níveis anteriores, quando será contabilizado o desembolso.

Esses foram os números. Vamos falar de preço. A ação chegou a atingir o valor de R$ 20,80, durante o processo frustrado de fusão com a Estácio. Desde então, vem sendo penalizada pelo mercado e marcou fundo mais recente em R$ 8,56, no final de 2018. No rali recente pós-eleições já escalou cerca de 35%, fechando ontem, dia 15/02/2019, em R$ 11,68. É certo que o melhor momento de entrada já pode ter passado, mas ainda vejo um caminho para recuperação que justifica a entrada. Correções podem dar oportunidade.

Pela análise gráfica, o ativo está em tendência de alta, com lateralização no curto prazo. Rompendo R$ 12,09 forma um pivô de alta, cujas resistência mais próxima seria na região de R$ 12,50 que foi testada pelo menos 3 vezes desde julho do ano passado. Vencendo essa resistência, os alvos seriam 14,50 e 16,15. No segundo alvo, o retorno sobre o preço atual seria de 38%. Nada mal.

Para os fundamentalistas, a empresa é sólida e mostra bons indicadores, sendo a mais descontada do setor. O dividend yield é um pouco baixo, de apenas 3,4% nos últimos 12 meses. Foi uma opção, a meu ver acertada, de preservar o caixa para os investimentos, como a compra da Somos e a consolidação de um novo nicho de atuação na educação básica. Estratégia correta, diante do cenário não muito favorável no ensino superior, pelos motivos já citados. Enquanto que a Estácio (ESTC3) apresenta P/L e P/VP, de 15,8 e 3,2, respectivamente, a KROT3 mostra 11,3 e 1,2, para esses indicadores.

Aos artilheiros, uma oportunidade na pequena área não costuma ser desperdiçada. Na cara do gol e sem goleiro! Vai chutar pra fora?

P.S.: Repito o alerta de sempre: não representa uma recomendação de compra. Aprofundem o estudo e decidam por si próprios.