No artigo Um
Sistema para Swing Trade: Escolhendo Ações para Curto Prazo, mencionei os
critérios para escolha de ações: volatilidade do ativo, avaliação do cenário
macro, uso de stop inteligente, prazo máximo definido para o trade, definição
do preço de entrada e saída e tamanho da posição. Mas, e quanto à carteira,
quais as suas características? Vamos a elas agora:
1 - Quantidade de ativos na carteira - constituir uma carteira de ações com até 8
ativos e não mais do que isso. Você não deve superconcentrar em 1 ou 2 ativos,
pois se estiver errado, a perda é enorme, mas uma carteira excessivamente
diversificada minimiza demais os lucros. Lembremos sempre de que as posições
devem ter relevância, você tem que "ir na jugular", após fazer a
análise e formar convicção sobre aquela aposta. Com muitos ativos na carteira,
fica difícil acompanhar os comunicados, fatos relevantes, notícias sobre a
empresa, sobre o setor ou de forma geral que afete aqueles ativos. Sim, você
vai precisar fazer isso. É possível que algumas vezes, por falta de
oportunidades, a carteira disponha somente de 2 ou 3 ativos, e boa parte do
capital para trade aplicado em renda fixa com alta liquidez, à espera do
momento certo para entrar. Isso não é superconcentração, pois o capital não
está todo aplicado.
2 - Diversificação dos setores - escolher
ativos de setores diversos visando a diversificação e ampliando a possibilidade
de captar grandes valorizações de pelo menos um desses ativos, cujo ganho de
capital supere as pequenas perdas em alguns e o benchmark utilizado como
parâmetro (por exemplo, a renda fixa ou o CDI). O estudo deve ser comparativo,
para escolha do melhor ativo do setor. O melhor aqui não é exatamente o que tem
os melhores fundamentos, mas o que está com o melhor desconto em relação ao seu
histórico. É mais uma questão de valuation
do que de bons fundamentos. Não faz sentido, por exemplo, realizar um trade com
Estácio e Ser Educacional ao mesmo tempo. Os fatos e drives que os afetam, em tese, são os mesmos. É preferível um
reforço no mesmo ativo, caso o melhor cenário esteja se confirmando, isso se a
posição ainda não estiver completa (12% a 15% do capital em cada trade,
considerando no máximo 8 ativos).
3 - Se tiver dividendos melhor - como estamos
falando de ativos para trades de curto ou médio prazo, os fundamentos não são
essenciais. A volatilidade e os drives
do momento são mais importantes. Mas se houver possibilidade, a escolha pode
recair preferencialmente em ativos que tenham histórico de pagamento de
dividendos. A razão de ser dessa preferência é que, caso o preço-alvo
esperado demore, haverá algum yield
durante o período. Estamos considerando um prazo definido para o trade de até
180 dias. Nesse período, certamente ocorrerá alguma distribuição de proventos
que nos beneficie, até o atingimento do preço-alvo.
4 - Ativos com drives importantes - buscar
ativos que tenham uma possibilidade de upside
em curto ou médio prazo, independentemente de sua classificação em valor (bons
fundamentos), de crescimento ou especulativo, desde que esse fato (por exemplo,
fusão, aquisição, saída de uma recuperação judicial etc) tenha razoável
possibilidade de ocorrência ou já esteja em andamento. Não recomendo
a espera da concretização completa do fato para realização do lucro.
Normalmente, o mercado precifica antes mesmo da ocorrência do evento. A máxima
de "subir no boato e cair no fato" costuma ser verdade.
5 - Acompanhamento de todos os ativos da carteira
- no site de Relacionamento com
Investidores, obrigatório para as empresas de capital aberto, são divulgados os
fatos relevantes, os comunicados, as distribuições de proventos, os resultados
trimestrais etc. É fundamental manter-se informado para, em caso de eventos que
possam afetar a empresa, provoquem até uma mudança de planos com o ativo,
diminuição do prazo do trade ou até desmontagem completa da posição. As
condições macroeconômicas gerais que afetem um setor ou a carteira como um todo
devem ser monitoradas também. No artigo Alguns
Sites para Investidores, menciono os
que considero relevantes para esse acompanhamento. A lista não é exaustiva.
6 - Tempo médio da carteira em dias -
relembremos o que estamos fazendo: uma carteira para swing trade, operando
ativos com volatilidade e com preços-alvo esperados para até 180 dias. Evidente
que muitas dessas apostas terão sucesso em curto a curtíssimo espaço de tempo.
Então nem todos os ativos permanecerão na carteira por muito tempo. Alguns
demorarão mais do que outros. Se o tempo médio da carteira estiver muito alto,
pode ser sinal de que o mercado como um todo pode estar em tendência forte de
baixa ou lateralizado, afetando todos os ativos, cenário esse que não é o
ideal. Nesses momentos é altamente recomendável analisar a possibilidade de
desmontagem parcial ou total da carteira. O movimento esperado para os ativos
não está ocorrendo conforme planejado. Portanto, quanto menor o tempo médio da
carteira melhor. Um tempo médio baixo indica que os ativos que a compõem foram
em sua maioria recentemente adquiridos e dispõem de tempo para desenvolver o
movimento em direção aos alvos pré-definidos. Tempo é dinheiro, e tempo médio
maior, custo de oportunidade maior.
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