O índice IBOV está em seu melhor momento desde março/2020. Aproxima-se do topo histórico e no curtíssimo prazo indica que irá ultrapassá-lo.


É certo que o principal índice da bolsa brasileira representa um termômetro de todo o mercado. Devemos ressalvar que na composição dele constam ações com muito peso e que podem distorcer o resultado.


O setor bancário, que atravessou nesse período baixas significativas, e cujo peso no índice é importante, recuperou-se durante o corrente mês de maio e impulsionou o IBOV para cima.


O setor de materiais básicos, commodities, amparado por uma alta internacional do preço, principalmente minério de ferro e petróleo, deu a sua contribuição para ativos como VALE3, PETR4, bem como os ativos do setor de siderurgia e metalurgia.


O setor de varejo, que foi um dos mais penalizados pelo fechamento do comércio durante os lockdowns em várias cidades do país, principalmente aqueles ativos mais concentrados em shoppings, como AMAR3 (Marisa), HGTX3 (Hering), ARZZ3 (Arezzo), SBFG3 (Centauro), LREN3 (Renner) entre outros, também tiveram alta recente, apostando numa retomada forte das vendas presenciais por conta das reaberturas do comércio em geral.


Enfim, ninguém está contando com uma terceira onde, embora ela esteja querendo dar as caras por aqui, com casos da variante indiana ameaçando o horizonte. A vacinação já está comprometida no semestre atual. Há previsão de novas doses para o segundo semestre de 2021 e início de 2022, mas certamente já está atrasada em relação a outros países. O negacionismo e a resistência às vacinas ainda imperam, embora o novo Ministro da Saúde tenha uma postura um pouco diferente dos anteriores.


A CPI já demonstrou, por meio de diversos depoimentos, que houve atraso deliberado da aquisição de doses. As novas variantes podem estar diminuindo a eficácia das vacinas, principalmente a Coronavac. Todos esses fatores, combinados com a postura do governo federal em se contradizer entre o que diz e o que faz, têm alimentado essa descrença no processo de imunização. O resultado disso é que qualquer previsão de reabertura definitiva e retorno à normalidade pode estar sendo muito otimista diante da realidade que nos é posta.


Mas a bolsa está em uma outra dimensão. Se olharmos para as ações e tomá-las como a realidade, não podemos visualizar nem de perto a crise que estamos passando, tanto sanitária, como política e econômica no nosso país. Percebem o descasamento?


São essas assimetrias que nos permitem concluir que não é muito seguro para nossas finanças estar superposicionado em renda variável no momento. Pessoalmente, ainda disponho de cerca de 7 ativos na carteira, que já foi composta muito recentemente por mais de 12. Estou em um processo de desmontagem gradual da alocação em bolsa e gerando caixa para uma possível correção futura, que espero que não esteja muito distante.


Se essa correção demorar e o IBOV e cercanias continuar nessa toada de alta, certamente terei deixado dinheiro na mesa ao desmontar posições que poderiam proporcionar ganhos de, quem sabe, 10%, 20% ou em alguns casos pontuais até mais. Esse é o risco que estou correndo. Mas o risco de não ganhar ainda é melhor do que o risco de perder. É psicologia comportamental pura.


Estou na verdade combatendo o FOMO, da sigla em inglês para "medo de ficar de fora", pelo seu inverso: o "medo de ficar dentro". E não adianta querer dançar perto da porta porque ao soar o alarme, a porta não permitirá uma saída organizada. Já vimos isso antes. Então estou me antecipando um pouco.


A ideia é manter no máximo duas operações simultâneas de no máximo 5% do capital para renda variável, totalizando 10% em alocação nessa categoria. Operações para swing trade, diga-se passagem. Longo prazo agora não. Até por que se o preço não importa para os "buy and hold", pode-se comprar a qualquer tempo que no longo prazo todos ganham! (Entendam a provocação!).