O Banco Central, conforme já previsto, na última reunião do COPOM elevou a taxa para 3,5% ao ano. Mas o mais importante foi o comunicado indicando pelo menos mais um aumento de 0,75%, elevando a taxa para 4,25%.

Aos órfãos da Renda Fixa, acho que que esse patamar já significa algum rendimento e talvez justifique um retorno, diante dos resultados mornos com ações dos últimos dias. Mornos se considerar o principal índice da bolsa, que tem oscilado ao redor de 120 mil pontos, não tem saído muito daí.

Lembrando a todos que os 4,25% de rendimento bruto do Tesouro Direto, mais precisamente o Tesouro Selic, é um investimento quase sem riscos, mesmo considerando o pandemônio desse governo. Algum risco político existe e também fiscal, mas uma taxa pós-fixada garante qualquer turbulência futura.

A primeira premissa do investidor é não perder dinheiro, ou dito de outra forma, é preservar o capital. E preservar contra perdas sejam lá como se denomine, inclusive para a inflação. Aí nesse caso há a possibilidade de temperar a renda fixa com títulos atrelados à inflação, os chamados Tesouro IPCA, que pagam a inflação mais um cupom. 

E os prefixados? Já estariam em um patamar para compor uma carteira de Tesouro Direto? Diante da ameaça de inflação tanto aqui quanto do exterior, e uma possibilidade alta da trajetória dos juros continuar forte e ascendente, essa parcela da carteira deveria ser menor, embora não nula. As taxas do título que vence em 2027 estão hoje, quando escrevo, em 8,84%. Taxas acima de 9,30% seriam uma boa alternativa para adquirir os títulos prefixados dessa data de vencimento. Até porque, ao carregar até o vencimento garante esse rendimento e não incorre em perdas. Caso queira vender antecipadamente, pode não ser recomendável a posição, se a inflação continuar surpreendendo fortemente, exigindo da autoridade monetária uma posição mais "hawfish". Os prefixados teriam suas taxas ultrapassando os 10% facilmente. Aí os títulos ficariam negativos, pois taxa sobe, título desce.

E a CPI fará preço sobre os juros, as ações e o cenário econômico como um todo? Até o momento, o efeito deve ser restrito a desgaste político com consequências eleitorais. Punições severas e até impeachment não parece ser a sugestão do cenário atual. Então a bolsa deve continuar nessa toada de muita lateralização e correções pontuais em certos ativos mais afetados pela pandemia, no curto a médio prazo.

Os investidores que migraram em massa para a bolsa devem começar a grande revoada de volta à segurança quando os juros ultrapassarem quem sabe 6% ou um pouco mais. Chegarão lá ainda em 2021? Provavelmente. Mas aí já será tarde para sair sem incorrer em algumas perdas significativas, pois a bolsa corrigirá antes disso.

Definitivamente, não é o melhor momento para estar superposicionado em bolsa. Mas também não dá para zerar a carteira completamente, até porque muitas posições montadas na euforia não estão dando retorno algum ou até estão gerando alguma perda temporária. Essa euforia foi uma expectativa de céu de brigadeiro e retomada pós-pandemia, quando se esperava uma saída definitiva dessa crise no final do ano passado. A segunda onda e talvez uma terceira não estava no radar. 

A bolsa se recuperou em "V", mas a economia, o comércio e os empregos não! Em algum momento essas duas variáveis vão convergir.