No post anterior mencionei fatores que poderiam se materializar e levar o IBOV aos 150 mil pontos, em contraponto a outros fatores que fariam o nosso mercado passar por uma correção bem forte.


O que parece é que os eventos negativos estão se impondo e se acumulando a ponto de gerar incertezas para o cenário como um todo e a segunda hipótese tornou-se bem mais provável. Na verdade, a correção já se iniciou, de uma máxima acima de 125 mil pontos para o fechamento de sexta-feira em 117 mil pontos, o que representa uma queda de mais de 9%.


O principal deles e que não é novo é o risco fiscal, decorrente do aumento de gastos, sem correspondência em receitas, o que provocaria uma revisão do teto de gastos ou sua relativização para se adequar a essa nova realidade.


A eleição nas casas do Legislativo no mês que vem ditarão o rumo de tudo isso. A volta do auxílio emergencial já começa a ser admitido até pela Fazenda. Então parece ser provável a sua aprovação, dependendo de detalhes quanto a valores e prazos. Haverá pressão por medidas para se rediscutir o teto de gastos ou admitir exceções. 


O governo vem perdendo apoio no Congresso e junto à opinião pública, principalmente devido à desastrosa condução da crise sanitária causada pela pandemia e pelo imbróglio da vacinação. Estaremos entre os países com os maiores atrasos na imunização e isso terá consequências econômicas. Notícias de que o governo rejeitou proposta da Pfizer ano passado para produção de mais de 70 milhões de doses que nos atenderia em parte a demanda, vai fazer mais estragos na imagem desse governo.


O impeachment, que antes era improvável, começa a circular como assunto corriqueiro nas mídias, redes sociais e entre a classe política. Um governo que se vendeu como liberal tem demonstrado ao mercado que não é bem assim! Sem fazer juízo de valor sobre as privatizações (e nem todas são a melhor decisão ou talvez nenhuma delas), essa pauta não deve andar muito enquanto a equipe for essa que está comandando o país. E o mercado meio que já precificou isso. Um processo de impeachment, mesmo que iniciado, é muito custoso e gera incertezas que o mercado não quer. Mas uma equipe inepta precisa ser afastada para que outra possa fazer o necessário para conduzir o país a uma saída da pandemia e retomada de sua agenda econômica de atração de investimentos, geração de emprego e crescimento econômico.


E se uma correção significativa continuar, como já se iniciou? Que setores podem ser oportunidade para entrar. Com a volta provável do auxílio, o setor de varejo certamente será beneficiado. O atraso na vacinação, possíveis novos lockdowns e continuidade do processo de virtualização do trabalho podem favorecer empresas de e-commerce, de tecnologia etc. 


Se um processo de impeachment vier a se materializar, as estatais devem sofrer num primeiro momento, pela incerteza de como seria o novo governo, que viés adotaria e o quanto seria ou não intervencionista. Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás e outras enfrentariam dias difíceis na bolsa, com quedas relevantes e abrindo quem sabe oportunidade para se posicionar ao final desse processo.


O câmbio será um problema para a inflação e o real deverá perder mais valor em relação ao dólar nesse cenário de incertezas. Isso já está acontecendo. O efeito inflacionário se configuraria em uma necessária subida dos juros, com efeitos negativos sobre a renda variável e revoada de volta para a renda fixa (em parte pelo menos). As exportadoras, especialmente as de commodities, podem se beneficiar com as siderúrgicas, a Vale e até a Petrobrás, o que minimizaria os efeitos políticos negativos de todo esse movimento. Aliás estamos em um ciclo de alta das commodities, o que seria potencializado pela desvalorização do real.


Tudo isso está se materializando aos nossos olhos e ter caixa nesse momento pode fazer a diferença no resultado da sua carteira e até na sobrevivência financeira. Seria necessário aproveitar algumas subidas recentes e realizar os lucros que o mercado oferece enquanto é tempo. Quem tem caixa em correções, é rei!