No dia 25 de novembro, escrevi aqui no blog sobre 4 ações que estariam atrasadas em relação ao Ibovespa. As ações eram Cielo (CIEL3), Cogna (COGN3), IRB (IRBR3) e Embraer (EMBR3).


A tese era que o mercado estava forte, cada uma delas apresentavam resultados ruins e com nuvens negras no horizonte. E que ao equacionar os problemas específicos poderiam ter um upside no curto a médio prazo.


Claro que os problemas não foram resolvidos, embora melhoras já sejam visíveis. Vamos falar de cada uma delas e o que o cenário pode trazer em cada caso, que possa justificar as altas recentes.


CIELO

O auxílio  emergencial tem sido um dos fatores que têm alavancado a recuperação nas vendas, principalmente do varejo e até tem causado retorno da inflação devido ao aquecimento da demanda e problemas na oferta devido à falta de matéria-prima e quebra parcial das cadeias de produção. A Black Friday, pelos números até agora divulgados, superou com folga o ano passado, mas isso pode ser temporário. O Governo Bolsonaro já vem demonstrando o interesse em não renovar o benefício. E nos níveis de emprego em que se encontra a economia brasileira, o baque pode ser significativo nas vendas e no faturamento/lucro das companhias.


A Cielo, operadora de meios de pagamento e de cartões, beneficia-se com o desempenho do comércio, embora esteja em um processo concorrencial no seu setor, que tem impactado suas margens, sem contar com a implementação do PIX, que substituirá o cartão em muitas operações. Não há vida fácil para a Cielo, mas ela pode sobreviver a tudo isso.


Desde a publicação do post, a CIEL3 recuperou um pouco e já sobe cerca de 3%, considerando o fechamento de 25/11/2020. É pouco se comparado ao rali forte do mercado no mesmo período, mas parece está consolidando uma tendência de alta, com subida de mais de 5% somente no dia 03/12/2020.


COGNA

O setor educacional, especialmente a Cogna, sofreu com o fechamento geral dos estabelecimentos e prejudicou o segmento de aulas presenciais. A empresa se prepara para uma nova fase de ampliação do EAD e pode melhorar os resultados nos próximos trimestres. 


Portaria do Ministério da Educação autoriza a ampliação da carga horária dos cursos superiores para a modalidade EAD, beneficiando as empresas do setor. Essa parcela sai de 20% para 40%, gerando uma economia significativa de custos para as atuantes no ensino superior.


O ativo reagiu bem à notícia e performa cerca de 8,6% no período desde a divulgação do post. Há muita margem para escalar rumo a valores bem mais altos e quem sabe, voltar à cotação de R$ 7,50 atingida em agosto/2020. O ganho potencial seria de 41,5%, considerando o fechamento do dia 03/12/2020.


IRB

O Instituto de Resseguros do Brasil, conforme relatado no citado post, tem os seus próprios desafios internos para equacionar. Muitas providências já foram tomadas para a reconquista da confiança, mas não é ainda suficiente para o mercado entrar com força no ativo.


Considerando o fechamento do dia 25/11/2020 até hoje, 03/12/2020, foi a única das quatro mencionadas que não saiu do zero a zero. A atividade de resseguros não é diretamente beneficiada como o varejo das vendas de final de ano, Black Friday, auxílio emergencial etc.


A empresa lançou um novo serviço chamado Inteligência de Dados, como o objetivo de divulgar informações e estatísticas sobre o comportamento do setor de seguros e resseguros. Esse serviço supre o mercado com informações consolidadas, confiáveis e estruturadas, uma necessidade não atendida até então pelo mercado. Essa notícia foi bem recebida e o papel performou bem. Entre as 4 mencionadas, ela ainda não decolou.


EMBRAER

Algumas notícias foram divulgadas sobre o mercado em que a empresa atua. A própria empresa divulgou previsão de que o tráfego global de passageiros recuperaria os níveis observados em 2019 somente em 2024. A recuperação será de longo prazo e isso impactará a demanda por aeronaves ao longo desse período. 


Outra notícia divulgada informa que a Embraer espera que o mercado doméstico reaja antes do que o internacional, em pelo menos 12 meses antes. Prevê que o mercado será promissor para aeronaves de até 150 lugares, nicho em que a empresa atua e que se beneficiará dessa tendência de substituição de aeronaves mais antigas e menos eficientes.


A conjugação de todos esses fatores, combinada com um forte rali do mercado fez o ativo disparar no dia 03/12 e apresentar uma alta de 12,5% no período compreendido entre o dia 25/11, data do post e hoje, 03/12, melhor desempenho entre as 4 citadas.


Vamos continuar acompanhando esses cases e esperar que o potencial seja atingido, amparado no rali de final de ano, que parece está apenas começando. É certo que o mercado (IBOV) já subiu de 93 mil pontos para mais de 113 mil. Uma alta expressiva e que a experiência recomenda esperar uma correção, antes de continuar. O investidor estrangeiro está retornando para o nosso mercado e incrementa um fluxo permanente e crescente de dinheiro novo impulsionador dessas altas recentes.


O topo histórico de 120 mil pontos pode ser atingido e durante essa escalada, as atrasadas serão alvo dos que não conseguiram embarcar a tempo nas mais badaladas do mercado.