Definitivamente, em 5 anos operando na bolsa de valores, já me conheço para saber que não sou um investidor de longo prazo ou "buy and hold". Entendendo investidor de longo prazo como aquele que mantém a posição nas empresas em que investe por tempo indeterminado, buscando lucro por meio de dividendos e de valorização dos ativos ao longo do tempo.

O fato de não aderir a essa modalidade é por não acreditar no modelo. Ao observar o mercado e perceber os seus ciclos, vejo que essa valorização pode estar concentrada em pouquíssimos papéis e quando surgem crises e fatos negativos para a renda variável, todos corrigem e abrem oportunidades de reentrar, para aqueles investidores que venderam no momento de alta. E só para esses, pois se não vendeu não tem liquidez para aproveitar, pois o capital é limitado.

Agora precisamos admitir: não é porque sou adepto de longo prazo que deva aceitar uma valorização mínima nos trades que monto. Continuo necessitando de paciência e disciplina para deixar o trade desenvolver e aproveitar o máximo de um movimento de alta em determinado papel. O que tenho constatado é que todos os papéis, quase sem exceções tem o seu bom momento, basta saber esperar. E quantas vezes realizei lucro para em questão de dias, algumas vezes 3 ou 4 dias, o ativo fazer o movimento que eu esperava que fizesse quando da montagem do trade. Mas a impaciência fez aceitar o alvo mínimo e lucro básico, quando poderia ter surfado uma valorização extraordinária.

É importante registrar que cometi muitos erros de precipitação em 2018, tanto aceitando prejuízos que depois se converteriam em lucro como saindo com menos do que poderia. Fiz ajustes na forma de operar e no sistema que utilizo para escolher a ação, definir pontos de entrada e saída e passei a acertar mais em 2019. Portanto, essa mudança de postura me fez não realizar nenhum prejuízo desde junho/2019. É um feito e tanto.

A sensação de deixar dinheiro na mesa parece ser mais dolorosa do que um prejuízo realizado. Esse é um viés cognitivo associado à Psicologia Comportamental. E isso ocorre pois não precisaria fazer nada, apenas deixar o trade se desenvolver um pouco mais. Já no caso do prejuízo, considera-se mais aceitável (pelo menos na nossa cabeça), pois não acertamos sempre e algumas operações não andarão conforme o planejado. Mas aqueles que andarem, deve ser administrado e aproveitado.

O cenário atual tem muitos riscos ocultos e dada a grande subida no mercado desde o ano passado, tanto aqui como externamente, fica realmente difícil pensar em uma carteira duradoura. Parece haver uma crise iminente a acontecer com grande correção e é preciso estar líquido para aproveitar. Mas também não dá para permanecer fora até que venha. Esse é o dilema de todo investidor no momento, pois ao sair da renda variável agora, volta para uma renda fixa a juros decrescentes e rendimentos baixos. A ideia são operações curtas para ir adicionando lucros mesmo pequenos.

Uma ideia que tenho adotado é eleger uma ou duas ações para prazo maior. Ativos com bons fundamentos que por algum motivo pontual tenham sido excessivamente penalizados pelo mercado podem ser boas alternativas. Posso citar como exemplo a CVCB3, que parece ter atravessado recentemente uma tempestade perfeita, com problemas da falência da Avianca e o óleo no Nordeste, que prejudicou principalmente o resultado do último trimestre. Muitas outras passam por situação semelhante e tem upside para médio prazo, diante de um mercado que está em franca ascensão e cujos ativos já não se encontram mais tão baratos.

Esse é um bom tempero para uma carteira de curto a médio prazo: poucos ativos que tenham potencial para se valorizar em uma espera mais prolongada, buscando maximizar os lucros, nesses tempos de máximas superadas a cada dia.