Ibovespa na sua máxima histórica. Juros nas suas mínimas. O ditado diz que você deve vender quando todos estão otimistas e deve comprar quando todos estão pessimistas. Não vejo sangue nas ruas. Vejo euforia. Então é óbvio que algo pode estar errado.

A economia vem dando sinais de que o pior já passou, mas não deslancha. Devemos crescer somente 1% em 2019. Um crescimento vigoroso pode estar a caminho mais já deve estar quase totalmente precificado. Não podemos esquecer que a bolsa sobe no boato (ou expectativa de dados bons) e desce no fato (quando o crescimento estiver consolidado).

A bolsa se expandiu fortemente no ano que se encerra e muitas pessoas foram apresentadas à renda variável recentemente. Tudo isso foi artificialmente provocado pelos juros baixos, que entendo não serem estruturais, mas conjunturais. Chegaram a um piso e o caminho é para cima. A inflação dá sinais de retorno, devido a fatores como desvalorização cambial, aumento dos combustíveis, da carne e em breve da energia. Os reservatórios estão em níveis já preocupantes e pode até ser o caso de um racionamento não muito distante.

Muitos novos entrantes na bolsa jamais passaram por um bear market (mercado de baixa) e talvez não estejam preparados para uma correção forte que se avizinha.

As bolsas mundiais, principalmente as americanas nunca estiveram nesses níveis. O preço dos imóveis também já foi inflado por juros baixos. Os sinais de formação de bolhas começam a surgir em vários mercados.

Quem se lembra da bolha ponto.com no final dos anos 90 sabe que os lucros já não importavam, o que valia na precificação de um ativo era a perspectiva de crescimento forte das receitas por algo que aos olhos dos investidores era disruptivo. Era a "nova economia". As empresas de tecnologia estão em um cenário parecido. As FAANGs valem bilhões e se aproximam dos trilhões. As FAANGs são Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google.

Há uma máxima no mercado que diz que existem duas regras que devemos seguir nos investimentos: a primeira é não perder dinheiro; a segunda é não esquecer a regra número 1. Acho que isso é do Warren Buffet. Se eu estiver errado, deixarei de ganhar em 2020 por ficar subposicionado em renda variável, mas certamente não perderei.

Minha carteira pessoal, que chegou a ter 12 ativos ao longo de 2019, na virada do ano estará com apenas 2 ativos. Aproveitei essa pernada de alta recente e realizei nada menos do que 10 ativos, com ótimos lucros. Aguardo correção significativa para reentradas, se entender que os ativos estarão corretamente precificados e livres das gorduras do otimismo recente.

Muitos outros fatores podem provocar as correções que espero. E esses fatores não serão as causas do estouro, mas apenas catalisadores de algo que já está formado: há bolhas nos ativos por excesso de liquidez provocadas pelos bancos centrais do mundo, por juros baixos e até negativos.

Não deixarei de investir em renda variável, mas a percentagem será bem pequena ao longo dos primeiros meses de 2020. Em um cenário de correções fortes, a liquidez valerá ouro. Mesmo a renda fixa não rendendo quase nada, é melhor do que grandes perdas que podem dilapidar o patrimônio de quem estiver superposicionado em bolsa.

Só aproveita momentos bons para comprar quem vendeu nos momentos bons para vender. O capital é limitado.

A euforia está chegando ao fim? Provavelmente não, mas quando chegar não dará tempo de desmontar posições sem grandes perdas. Não pense que você pode dançar perto da porta sempre e pode correr para fora ao primeiro sinal. Ela será estreita para tanta gente sair. Nesse momento seria bastante prudente ir realizando aqueles ganhos que a essa altura já são extraordinários para quem ficou até aqui. Aproveitem!