A Biotoscana (GBIO33), empresa biofarmacêutica latino- americana, dona de patentes de medicamentos de alta complexidade, abriu capital por meio de IPO (abertura de capital na bolsa) em julho de 2017. O preço de lançamento das ações foi de R$ 26,50.

Desde então a ação tem sido um péssimo negócio para quem entrou no início e até para quem adquiriu depois. Chegou a atingir valores próximos a R$ 7,00 e depois se recuperou um pouco. Importante ressaltar que jamais distribuiu dividendos desde o seu IPO. Além da perda de capital para quem acreditou na empresa, não teve nenhum yield em todo esse período para remunerar esse investimento.

Recentemente, emitiu um fato relevante confirmando a venda do controle para o Grupo Knight Therapeutics Inc. A alienação de 51,21% da Companhia foi ao preço de aquisição de R$ 10,96 por ação. Muito aquém do valor de lançamento em 2017. Para ser mais preciso, o valor pago representa apenas 41,35% daquele pago por quem participou da oferta. Uma perda de 58,64%, sem contar o custo de oportunidade do período.

Não satisfeito com essa garfada nos minoritários, uma vez que a compra do controle será seguida por OPA (fechamento de capital), a oferta para fechamento será nas mesmas condições oferecidas. E que condições são essas? Pagamento de 80% à vista e os 20% restantes divididos em parcelas ao longo de 3 anos, respeitadas algumas condições do Contrato de Compra e Venda. O resultado disso é que as ações caem hoje mais de 12%, ajustando-se ao preço que será recebido à vista (R$ 10,96 x 80% = 8,77).

É preciso ter mais proteções contra esse tipo de manobra, que prejudicam os minoritários. Esses não têm forças para reivindicar seus direitos. Acabam aceitando o prejuízo. Os Órgãos reguladores devem estar mais atentos a essas operações que, travestidas de legalidade, provocam danos ao patrimônio principalmente dos pequenos investidores pessoas físicas. Outras operações também ocorreram com outras empresas e nenhuma providência foi tomada. Podemos citar como exemplo a OPA da Multiplus, pagamento ao controlador da Qualicorp, tentativa de fechamento de capital da Smiles etc. Os exemplos são infinitos, para ilustrar que no Brasil, todo tipo de artimanha é lançada para depenar os pequenos investidores.
No artigo "Há um Complô nos Empurrando para a Renda Variável", eu menciono sobre o cenário de juros baixos, induzindo ao investidor comum a comprar ações, com pouco conhecimento sobre investimentos, em busca de melhor rentabilidade diante da redução de retorno nas aplicações que ele conhece como poupança, CDB, LCA, LCI, enfim, na renda fixa. Já são mais de um milhão de investidores em bolsa. Muitos seduzidos pelo mito do ganho fácil e não cientes dos riscos próprios da renda variável.

Se a renda variável já tem seus riscos próprios, imagina em um mercado pouco desenvolvido, cujos Órgãos Reguladores não protegem os direitos daqueles que, pelo tamanho de sua posição, não tem a mínima chance de fazer frente aos grandes players e a administradores que conhecem os meandros de como tirar vantagem em tudo.

Somos presas fáceis e estamos nadando em um mar de tubarões. Coitados de nós, pobres sardinhas! Acho que não percebemos, mas já fomos engolidos.