investidor ao computador com as mãos à cabeça pelas perdas
Quem nunca ficou frustrado por ver as ações da sua carteira lateralizarem por longos períodos ou até caírem, muitas vezes enquanto o mercado todo sobe? Estou me sentindo assim no momento. O principal índice da nossa bolsa não está muito distante da sua máxima histórica e você olha para suas ações e algumas delas estão no vermelho ou no zero a zero, sem demonstrar tendência de recuperação no curto prazo.

Não fica mesmo a sensação de que está todo mundo ganhando e só você perdendo? Ou mesmo ter a impressão que somente as suas ações não sobem, até que você desista, para no dia seguinte perder aquela alta extraordinária? Só quem já investiu em renda variável, conhece essa sensação. O mercado parece estar esperando somente você vender, para que o ativo dispare.

Esse talvez seja o teste de fogo para o investidor em ações. O tédio é o pior inimigo do investidor. Sempre vem aquela pressão para agir, para fazer algo, quando o melhor seria não fazer nada. É preciso ter convicção nas escolhas que fez, em função dos fundamentos da empresa, para aquele investidor de longo prazo, ou mesmo aquele que investe em ativos descontados e opera em função do gráfico, acreditando que o preço convergirá para a média e retornará aos seus valores históricos.

A sensação de perda, quando você está posicionado e no negativo, ou mesmo a perda da oportunidade de surfar aquela alta que parece que só você está de fora, é próprio do ser humano. Os estudiosos da Economia Comportamental enfatizam as escolhas irracionais que fazemos, para nos livrarmos dessa sensação de perda. É isso que nos faz querer vender a ação exatamente quando ela atinge o nosso preço de compra, depois de ter passado algum tempo no prejuízo. O motivo que faz a gente vender não é porque deixamos de acreditar na tese que nos fez comprar, mas para nos livrarmos daquele incômodo da perda. É esse viés comportamental que nos faz comprar ativos caros. É para não perdermos aquela alta que todos estão aproveitando (ou que você pensa que estão).

Somos humanos e embora busquemos ser racionais, esses sentimentos nos fazem agir pela emoção, ampliando os nossos erros e comprometendo a performance dos nossos investimentos. Se olharmos para o histórico de nossas operações, vemos que fizemos boas escolhas, entramos no momento certo e saímos também no momento certo em vários ativos. Mas também percebemos que erros básicos foram cometidos, compramos quando já havia subido demais, vendemos cedo, deixando dinheiro na mesa, ou mesmo deixamos de comprar boas empresas quando atravessavam momentos ruins. Essas decisões erradas comprometeram parte do retorno sobre os investimentos que realizamos.

O sucesso do investidor está em controlar essa tendência a agir por impulso e pelas emoções. É uma matemática simples: você vai precisar acertar mais do que errar, senão você quebra. E olhando em retrospectiva, vamos perceber que não foi o mercado que nos fez perder dinheiro, fomos nós mesmos nas nossas decisões enviesadas pela emoção e pelo sentimento.