O Ibovespa subiu forte desde a eleição, mesmo considerando a correção recente. Vários ativos atingiram suas máximas históricas, mesmo aqueles que não fazem parte do índice.
O Itaú (ITUB4), por exemplo, cuja máxima histórica é de 39,69, subiu mais de 32% em 2018 e outros 5% em 2019. O mercado não gostou dos resultados do 4º trimestre e corrigiu um pouco, mas o P/L ainda mantém a marca de 16,67, acima da média histórica desse indicador.
O Banco do Brasil (BBAS3), também com peso no índice, o P/L está acima de 12, quando sua média é em torno de 8.
Se estudarmos as principais empresas do índice, em sua maioria a situação é a mesma: o mercado já precificou uma melhora na economia e um aumento dos lucros futuros.
Diante desse cenário, os ativos que podem ser alvo de compras ficam mais raros. O investidor deve buscar ativos fora do radar ou que enfrentam no momento algum tipo de revés que impediram de acompanhar o rali.


Um desses ativos é a OI (OIBR3/OIBR4). A empresa passa por um processo longo de recuperação judicial. No plano aprovado, várias etapas deveriam ser cumpridas, entre elas, dois aumentos de capital já realizados. A dívida foi alongada e parte transformada em participação societária, melhorando os indicadores. Notícia mais recente foi a divulgação de acordo entre a OI e a Bratel (subsidiária da Pharol) para encerrar litígios judiciais. O acordo prevê o pagamento de um valor à Pharol (EUR 25 milhões), juntamente com a transferência de ações em tesouraria. É mais um entrave removido para finalmente anunciarem a saída da recuperação judicial, fato esse que geraria um upside para o ativo, altamente provável ainda em 2019.
Outro fator importante é o Projeto de Lei que tramita no Legislativo, o PLC 79/2016. Representa um novo marco nas telecomunicações. As alterações mais importantes que poderiam beneficiar a OI seria a mudança nas regras dos bens reversíveis, que são aqueles devolvidos à União ao final da concessão. Somente os essenciais e efetivamente empregados na prestação do serviço concedido seriam revertidos. Outra mudança é a criação de um mercado secundário de espectro, no qual as empresas privadas poderão vender ou alugar as frequências que tem em seu poder, mediante autorização prévia da Anatel. O PLC também permite renovações sucessivas, tanto para o uso das frequências, como para uso da órbita brasileira dos satélites privados. Em suma, as alterações abririam a possibilidade de aquisição da OI por outro grupo, tanto nacional como estrangeiro, uma vez que o projeto permite que o serviço de telefonia fixa, que hoje é explorado no regime jurídico público, possa se adaptar para o regime jurídico privado.
Se olharmos para os indicadores atuais da OI, os resultados estão distorcidos pelo efeito contábil da conversão da dívida em participações. O último trimestre divulgado apresenta um prejuízo superior a R$ 1 bilhão, mostrando que muita coisa ainda precisam mudar para a empresa voltar a ser competitiva e gerar valor ao acionista.
Uma das lições do investidor Peter Lynch (no livro "O Jeito Peter Lynch de Investir"), é apostar em empresas que estejam enfrentando um processo de turnaround. Uma grande transformação que pode gerar retornos espetaculares. Ele nos adverte que é preciso esperar alguma evidência de que a empresa terá sucesso nessa reviravolta. Eu entendo que essas evidências estão presentes no case da OI.
Graficamente, a ação preferencial (OIBR4) atingiu a mínima de R$ 1,25, durante o segundo aumento de capital, cuja subscrição foi ao valor de R$ 1,24 por ação. Parece ter formado fundo nesse ponto e já subiu mais de 15% desde então. Há um gap a ser fechado na região de R$ 2,00. O alvo mais óbvio seria em torno de R$ 2,80, o que representaria um ganho de cerca de 93%, considerando o nível atual de preços. Se a saída da recuperação judicial for anunciada, entendo que atingiria até valores maiores. Diante dos riscos envolvidos, o peso na carteira deve ser pequeno (5% no máximo). O prazo de espera pode superar 12 meses ou mais até que algo de relevante aconteça. Mas o retorno justifica, caso se concretize.

Revelo aqui que a OIBR está na minha carteira, apostando nessa reviravolta. Alerto que esse estudo não representa uma recomendação de compra. Serve apenas de subsídio para o interessado aprofundar-se no estudo e decidir, por sua conta e risco, se vale a pena expor-se ao case.