No meu último artigo "Qual o Cenário para o Ibovespa no Curto Prazo" falei da probabilidade muito alta dessa marca ser atingida. Mas citei os fatores que poderiam dificultar a continuidade do rali e que poderiam estragar a festa.

A queda da quarta-feira, dia 06/02/2019, foi muito relevante. Difícil identificar o real motivo daquela forte correção. Parece mais ser uma cesta de fatores. O principal é o mais óbvio: a simples constatação de que é renda variável. Não sobe para sempre e há um limite para o otimismo.


O segundo me parece o mais importante: a questão da aprovação da reforma da previdência. O mercado começou a precificar o fato de que o Governo não tem unidade na proposta a ser encaminhada. A notícia de que a proposta em andamento do Temer não seria aproveitada, demandará mais tempo para discutir e aprovar em todas as comissões e depois em plenário. O mercado não terá tanta paciência. Se a equipe for com muita sede ao pote, não passa.  Houve um suposto vazamento do teor do documento. Tudo indica que foi proposital para testar a reação a alguns pontos polêmicos. Idade mínima de 65 anos, tanto para homens como para mulheres, e 40 de contribuição para quem quiser manter a integralidade. O presidente Bolsonaro já teria falado sobre idade diferente, 62 e 57, respectivamente. Não irei aqui detalhar tudo que faria parte desse documento. O ponto aqui não é esse. O enfoque é na falta de consenso até entre os membros da equipe. Se o Governo quiser resolver todos os problemas da previdência de uma vez, talvez não consiga coisa alguma. A capacidade de queimar capital político é crônica. O líder do Governo parece não ter a experiência necessária para tocar essa articulação.

A saúde do presidente também preocupa e muito o mercado. A cirurgia deveria ser procedida de uma alta em 2 ou 3 dias, fato que não ocorreu. Notícia mais recente é que o presidente estaria com pneumonia e teve febre por causa disso. A alta foi adiada e parece pouco provável que ele possa tocar o Governo de onde está. O Mourão já deixou claro que não pensa como o presidente. Os filhos não confiam no vice e nas entrelinhas já demonstraram isso.
O escândalo do filho nº 1 continua repercutindo e gerando desdobramentos. Mesmo assim conseguiu cargo na Mesa do Senado. Há investigação em andamento sobre variação patrimonial decorrente de operações com imóveis. Não há clima para esconder e abafar esse caso, depois do discurso contra a corrupção, bandeira principal da campanha vitoriosa.
A Vale fechou a semana em alta, mesmo após várias notícias negativas. Como o peso da Vale na produção mundial de minério de ferro é significativa, impactos na produção da Vale fazem o preço do minério subir e...pasmem, é positivo para a Vale. Ainda continuo achando que o fundo está bem distante. Opções de venda com vencimento mais longo pode ser uma forma de apostar nessa possibilidade. A suspensão dos dividendos e o impacto das provisões nos lucros futuros dos próximos trimestres não deve deixar muita margem para rendimentos aos acionistas.
O cenário internacional não deu trégua. O Trump discursou no tradicional Estado da União no Congresso americano e manteve a chantagem para construção do muro. Novos shutdowns (paralisações do Governo) devem ocorrer. A Europa enfrentou uma semana de quedas com receio de desaceleração econômica global.
A expectativa para a semana que vem é um misto de torcida pelo repique ou mais quedas?
Vejo os 90 mil pontos mais perto e mais provável do que os 100 mil pontos.
O que acontece sempre quando vendemos uma ação? Ela sobe. E quando a mantemos em carteira, mesmo tendo pensado em vender? Ela cai. É a lei de Murphy nos investimentos. Então, a bolsa deve ultrapassar os 100 mil pontos, pois estou apostando na queda...