A Via Varejo é uma empresa do setor de Comércio Varejista de Eletrodomésticos, entre outros produtos. Atua tanto em lojas físicas como no comércio eletrônico. É responsável pela administração das lojas das Casas Bahia e do Ponto Frio.

Tem como principal concorrente entre as empresas listadas, a Magazine Luiza, que tem sido um fenômeno de vendas, de bons resultados e consequente valorização na bolsa. A Amazon, gigante americana de comércio eletrônico, que atuava no Brasil somente no nicho de livros, anunciou em 2018 a expansão de sua categoria de produtos, passando a concorrer com a Via Varejo e com a Magazine Luiza. Essas empresas também atuam como marketplace, que uma espécie de shopping center virtual, onde parceiros podem vender seus produtos, utilizando a estrutura e o espaço oferecido, com vantagens para o consumidor, reunindo em um só lugar uma ampla variedade de produtos e marcas diferentes.



Vemos que a Via Varejo não está tendo e nem terá vida fácil pela frente. A concorrência no setor é bem acirrada e as margens normalmente são bem baixas. Prova disso são os resultados dos últimos trimestres da empresa, especialmente o do 4º trimestre de 2018, que mostrou um prejuízo de R$ 279 milhões, revertendo um lucro líquido de R$ 111 milhões no mesmo trimestre do ano anterior. A margem bruta caiu de 31,6% para 27,1%, mostrando a forte competição no setor e a compressão de margens. Isso com uma Receita Bruta praticamente igual a do período anterior, demonstrando aumento de custos. Para o ano completo de 2018, a Receita Bruta subiu 5%, a margem bruta caiu e o lucro reverteu-se em prejuízo.


Olhando os dados em um prazo mais alongado vemos que há uma deterioração dos números. Vejamos:


A Receita líquida vem numa curva ascendente leve de 2000 a 2009, para depois dar um salto de 2009 a 2011, mostrar alguns anos de oscilação e depois voltar a crescer nos últimos 3 anos. O lucro não acompanha esse comportamento: estável em boa parte do período, e queda a partir de 2014.




A margem bruta oscila um pouco ao longo do período, sobe desde 2008 até 2016 e inflexiona para baixo, inclusive no último período, 2018. O ROE (retorno sobre o PL) mostra-se mais instável, enfrenta uma depressão na crise de 2008, retorna aos patamares anteriores e cai desde 2014, oscila próximo a zero desde então, entrando no terreno negativo em alguns anos. A margem EBIT mostra em todo o período uma média baixa próxima a 4%.


O PL sobe a partir de 2009, atinge pico em 2014 e vem caindo desde então. A dívida líquida acompanhou o PL até 2011, descolou-se e caiu fortemente até 2015, chegando a apresentar caixa líquido, para inflexionar, voltar a subir até o último período e demonstrar está sob controle. O indicador "dívida líquida/EBIT" encontra-se abaixo de 1.

O mercado, ciente dos desafios da concorrência e da instabilidade dos resultados e dos números, vem penalizando a ação em bolsa. Desde maio/2018, quando chegou a valores próximos a R$ 9,00, o ativo vem descendo, atingiu a mínima de R$ 4,00 e fechou ontem em R$ 4,67.

Além dos resultados ruins apresentados, o controlador Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar), que já vinha demonstrando interesse em se desfazer da sua participação, anunciou para 25 de fevereiro próximo, leilão em bolsa de 40 milhões de ações, correspondendo a 3,09% do capital da empresa. Vem força vendedora nos próximos pregões, diante da oferta gigantesca de novos papéis. Esse fato relevante deve fazer a ação perder o seu fundo histórico e atingir valores abaixo de 4 reais.

Graficamente falando, o ativo está em franca queda e entrar nesse momento é "pegar faca caindo". Deve perder o fundo mais recente em 3,86 e buscar fundos mais remotos. Em 2016, marcou fundo abaixo de 1,20. A pressão vendedora levará o ativo até lá? Abstendo-se dos fundamentos, que não inspiram confiança, utilizando puramente a análise técnica, é preciso aguardar a formação de um fundo e a reversão da tendência de baixa, para pensar em compras.

A empresa, na última apresentação de resultados, mostrou que está passando por uma transformação, investindo em tecnologia e novas ferramentas, prometendo uma transformação, que deve se maturar no futuro. Para posicionamento de longo prazo, esse também não é o momento mais apropriado. Se entender, que a empresa focará em produtos e serviços mais rentáveis e melhorará as margens nos próximos trimestres, pode ir se posicionando  gradualmente, assim que passar essa pressão vendedora momentânea. O momento sem dúvida é delicado para a Via Varejo.