Abaixo um link para
download de uma planilha Excel, que auxiliará no acompanhamento dos indicadores
e na composição de uma nota final para escolha de empresas. A planilha
representa apenas uma ideia, que pode ser aprimorada com mais indicadores,
pesos e parâmetros diferentes dos que foram utilizados. Bom proveito.
Indicadores de Precificação
1 - Índice Preço/Lucro (P/L) - é a divisão do
preço de mercado da ação pelo lucro por ação. Esse número representa o prazo
que o investidor terá que esperar para receber o valor investido. Digamos que a
ação está custando 20 reais e o lucro por ação no último exercício foi de 4. O P/L
dessa empresa é 5. Em cinco anos, o investidor receberá todo o valor investido
na forma de lucro. Esclarecendo que esse lucro pode ter sido distribuído ou
reaplicado na própria empresa. O resultado é o mesmo. Então, quanto menor for o
P/L melhor. O máximo recomendado pelo papa do Value
Investing, Benjamin Graham, no seu livro "Investidor
Inteligente" seria um P/L de 15. Prudentemente, entendo no máximo 12. Se a
empresa for de crescimento, aí podemos considerar como teto o recomendado pelo
Graham.
Mais importante do
que se ater a um único P/L da empresa, é analisar o histórico desse indicador e
procurar comprar a ação quando esse indicador estiver na sua mínima histórica
ou próximo disso, pois a empresa estará descontada.
2 - Índice Preço/Valor Patrimonial da Ação (P/VP)
- é o quociente entre o preço de mercado da ação dividido pelo Valor Contábil
do Ativo. Esse valor contábil seria o Patrimônio Líquido, dividido pelo número
de ações. Se o índice for maior do que 1, significa que o mercado está pagando
uma espécie de ágio sobre o que vale a empresa hoje, pelos registros contábeis.
Normalmente nas empresas de crescimento, esse número é bem maior do que 1, pois
o mercado embute no valor o crescimento projetado dos lucros da empresa.
Segundo o Graham, deve-se aceitar no máximo um índice de 1,5 para o P/VP.
Portanto, esse índice será melhor quanto menor for o seu resultado. Esse número
pode variar muito em função do setor em que a empresa atua. Setores intensivos
em capital, como o setor elétrico, por exemplo, o VP da empresa tende a ser
maior e, consequentemente, o P/VP tende a ser menor. Naquelas em que a
imobilização de capital é mínima, o contrário é verdade, o P/VP será maior. O
ideal é comparar uma empresa com os seus pares do mesmo setor e escolher para
comprar aquela que estiver melhor descontada.
3 - Indicador Preço/EBIT (P/EBIT) - é a divisão
entre o preço de mercado da ação pelo Lucro antes dos Impostos e das Despesas
Financeiras. O EBIT é uma aproximação do lucro operacional da empresa.
Assemelha-se ao P/L, mas o foco aqui é em quanto tempo a operação da empresa
faz retornar para o investidor o valor investido. A lógica também é a mesma dos
anteriores, quanto menor melhor. Ideal até no máximo 10. Também é um indicador
de precificação do ativo.
Indicadores de Rentabilidade
4 - Dividend Yield
(DY) - é o dividendo pago por ação dividido pelo valor da ação. É
o quanto rendeu ao acionista na forma de distribuição de proventos, normalmente
em bases anuais. Para os investidores que buscam formar uma carteira de
dividendos, esse é um indicador fundamental para escolher boas empresas.
Necessário analisar o histórico desse indicador, pois o DY pode no momento está
alto, mas influenciado por distribuição não recorrente, por algum fato
extraordinário, como a venda de uma ativo, por exemplo.
5 - Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE) -
é o quociente entre o Lucro Líquido e o Patrimônio Líquido da Companhia.
Significa o quanto em termos percentuais o Capital Próprio foi remunerado no
período analisado. Evidente que quanto maior melhor. Empresas com baixo ROE
podem indicar que já estão em um período de maturidade com pouca possibilidade
de crescimento ou que a sua rentabilidade está realmente muito baixa. As de
crescimento, tendem a apresentar maiores ROEs. Ideal que o ROE supere o CDI
mais um prêmio de risco da renda variável. Claro que vai depender do setor de
atuação, mas espera-se um ROE de pelo menos 13 a 15% pelo menos. Para as
empresas de crescimento, aquelas que o investidor aceitou pagar um pouco mais,
apostando no crescimento dos lucros futuros, espera-se um índice de 30% ou
mais. Interessante ver o histórico desse indicador. Como exemplo, podemos citar
a Natura (NATU3) que em 2009 tinha um ROE de 60% e em 2018 caiu para apenas 18%. O mercado sempre
embutiu no preço da Natura um crescimento, que parece estar se estabilizando ou
até nem exista mais. Isso se reflete no valor da ação. Em 2013, a ação chegou a
atingir o valor de 50 reais (com ROE de 73%). No início de 2019, a ação está
custando 47 e se aproximando de sua máxima histórica (com ROE de 18%). Há
justificativa para isso? Só para ilustrar a importância do indicador. Dados
extraídos do ótimo site Oceans14
, que dispõe de histórico de pelo menos 10 anos.
6 - Margens - Margem EBIT, Margem EBITDA e Margem
Líquida -
6.1 - Margem EBIT - é o EBIT dividido pela
Receita líquida. Indica a percentagem que sobrou após o pagamento dos custos e
despesas.
6.2 - Margem EBITDA - é o EBITDA dividido pela
Receita Líquida. O conceito de EBITDA considera a Depreciação e a Amortização
no seu cálculo.
6.2 - Margem Líquida - é o Lucro Líquido
dividido pela Receita Líquida - representa o retorno após o pagamento de todas
os custos, despesas, inclusive as financeiras e impostos. Mostra o quanto de
lucro líquido para cada unidade vendida pela empresa.
Empresas com margens
baixas podem indicar alta concorrência no setor onde atuam, fator que pode
fazê-las sacrificar margens para não perder mercado. Ou os custos estarem muito
altos, talvez em função do endividamento alto, estrutura administrativa muito pesada
ou inúmeros outros fatores. Evidente que o investidor deverá buscar empresas
com altas margens, pois isso se refletirá no retorno sob a forma de proventos
e/ou valorização do ativo ao longo do tempo.
Indicadores de Solidez Financeira
7 - Liquidez Corrente (Ativo Circulante/Passivo
Circulante) - indicador muito utilizado na análise de balanços, para
verificar a capacidade da empresa em honrar seus compromissos de curto prazo.
Os manuais de Análise Fundamentalista recomendam pelo menos valores maiores ou iguais a 2, ou seja, a
empresa dispor de pelo menos 2 reais para cada real devido em curto prazo. Em
um cenário de juros altos esse indicador se torna ainda mais importante.
8 - Dívida Líquida Sobre EBITDA - É a divisão
da Dívida Liquida (dívida bruta - disponibilidades) pelo EBITDA. Retrata o
quanto a empresa está alavancada, ou seja, dependendo do capital de terceiros
para financiar suas operações. Recomenda-se uma relação de no máximo 2,5.
Quanto mais alavancada a empresa, mais a despesa financeira com juros corroerá
o resultado para o acionista. Também em cenário de juros altos esse indicador
torna-se ainda mais relevante.
Esses foram alguns
dos mais importantes indicadores que todo investidor deve acompanhar, se quiser
escolher boas empresas e formar uma carteira para médio ou longo prazo. Nunca
se deve considerar isoladamente um indicador. Eles devem ser analisados em conjunto.
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