O governo Bolsonaro
começou oficialmente em 1º de janeiro, mas desde a eleição a bolsa entrou em
modo compra e vem atingindo sucessivos topos históricos, chegando a bater os 94
mil pontos. Já há expectativa de quando será o momento em que romperá a barreira
dos 100 mil pontos. Mas esse otimismo é exagerado? O que o mercado está
precificando?
O principal drive desse movimento é a guinada em direção a
um governo liberal. É certo que o governo Temer ensaiou essa manobra, mas
fatores como a delação do Joesley, a greve dos caminhoneiros e o fisiologismo
do Congresso impediram ele de ir além. Mesmo assim, emplacou a reforma
trabalhista e o teto de gastos. Isso já está embutido no Ibov, ao sair da
mínima abaixo dos 40 mil pré-impeachment e ultrapassar os 80 mil até antes da
eleição de 2018.
As reformas que o
mercado espera e já precifica se iniciou. A montagem da equipe caminhou nesse
sentido, sendo o Paulo Guedes o maior expoente dessa corrente. A diminuição da
quantidade de ministérios também conta pontos. Mas o que percebemos é que o governo
não tem um pensamento só, e parece que não combinaram o discurso. Há uma falha
de comunicação e de alinhamento de interesses e objetivos. Isso pode ser um
problema para encaminhar as reformas que pretendem aprovar no Congresso.
Outro fator
importante é o capital político que já começou a ser "gasto", antes
mesmo da posse. A promessa de que desta vez seria diferente começa a se
evaporar, ao nomear ministros envolvidos em denúncias, a péssima condução do
caso mal esclarecido do ex-assessor do filho e os recuos frequentes do
presidente. A última é a decisão de apoiar a eleição do Rodrigo Maia para a
Presidência da Câmara, do DEM, partido que não podemos chamar de algo novo. O
novo governo precisa descer do palanque, arregaçar as mangas e começar a
trabalhar para entregar o que prometeu.
Interessante
constatar que os estrangeiros ainda não se convenceram depois da debandada. A
reforma mais importante que é a da Previdência deve ter prioridade no
encaminhamento. O estrangeiro parece está aguardando o desenrolar disso para
virar a mão no nosso mercado.
Os dados sobre a
recuperação da economia demonstram retomada lenta. A produção industrial, o
desemprego e as vendas do comércio não empolgam por enquanto. Há muito espaço
para avanços. Eles virão?
No artigo Montagemde Cenários para os Investimentos, citei como uma das premissas que não
devem faltar na confecção dos cenários, a política. Pode-se elaborar quesitos,
como por exemplo: 1 - o governo tem maioria no Congresso? 2 - essa maioria é
sólida e suficiente para aprovar emendas constitucionais, que exigem quórum
qualificado? 3 - os presidentes das casas estão alinhados ao governo? 4 - a
popularidade do presidente indica apoio popular às primeiras medidas? Muitos
outros podem ser formulados, ponderados e a cada sim, somaria pontos para
formar uma convicção sobre a força em implementar as medidas.
No início de
fevereiro, quando se inicia a nova legislatura, seguida da eleição dos
presidentes da Câmara e do Senado, algumas respostas começarão a ser
respondidas.
Até lá, baseado
apenas em expectativas e em apostas de que tudo dará certo, o Ibovespa tende a
ultrapassar os esperados 100 mil pontos. Isso se o cenário externo permitir. Há
preocupações vindas de fora, embora os índices americanos tenham se recuperado um
pouco, desde o pronunciamento do presidente do FED (banco central americano),
citando "paciência" na questão dos juros. O brexit terá passos importantes nos próximos dias. E a guerra
comercial China x EUA tem pendências e prazos até final de março para
definição.
Estou operando no
modo "cautela". E os lucros nas operações em andamento serão
realizados. A redução da exposição em renda variável é recomendada. Se estiver
errado, perderei parte da alta. Se estiver certo, poderei reentrar a preços bem
melhores.
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