No Brasil, cujas
taxas de renda fixa ainda são muito altas para os padrões internacionais, o
custo de oportunidade de um investimento ainda é significativo, mesmo com a
queda da taxa SELIC no último ano.
Considerando esse
fato, quanto maior a espera, maior deverá ser o ganho de capital + dividendos
para superar o benchmark (CDI). Assim, ao escolher montar uma posição para
longo prazo, esse fator deverá ser posto na conta. Digamos que um ativo seja
adquirido para permanecer na carteira por pelo menos 2 anos. Durante esse
período de 2 anos, deverá render mais do que 13,5% para superar o CDI atual.
Mesmo considerando um dividend yield
médio de 8%, o que para o momento não se encontra em muitos ativos, ainda
precisaríamos de um retorno de ganho de capital (valorização do ativo) para
empatar com a renda fixa.
Se a escolha for por
trades curtos, esperando valorização de 10% ou um pouco mais, em prazos de até
6 meses, o retorno seria maior do que o custo de oportunidade do período,
superando o benchmark com folga. Muitas vezes, ao comprar o ativo ao preço
certo, em cerca de 3 meses pode-se atingir uma valorização que equivale a da
renda fixa de mais de um ano. O segredo é o timing
da entrada, comprando em suportes e vendendo nas resistências intermediárias. É
necessário ter conhecimento de análise técnica, utilizando os gráficos, para
decidir os pontos de entrada e saída. Outros fatores devem ser considerados,
como o volume, a volatilidade histórica do ativo e outros indicadores, como os
osciladores (Índice de Força Relativa, MACD, etc), para identificar se um ativo
está sobrevendido ou sobrecomprado, as médias móveis e as bandas de Bollinger.
Enfim, há um arsenal de ferramentas a serem estudadas para facilitar a escolha
dos pontos de entrada e saída.
Ao optar-se por um
prazo longo, o investidor se sujeita aos fatos positivos e negativos que afetam
o ativo ou o mercado como um todo. Cisnes negros, como uma crise local ou
internacional, podem corroer todo o lucro até então acumulado e ainda não
realizado.
A saída em curto
prazo também afasta cisnes negros positivos, como uma fusão ou outro fator que
pode provocar uma supervalorização. Mas um evento desse tipo pode ser captado
por sucessivas reentradas, caso haja correção no ativo.
Diante das
instabilidades recentes na política e na economia, parece ser mais acertada a
opção por curto prazo. Eventos negativos dão oportunidade de reentrar nos
mesmos ativos ou em outros a preços mais reduzidos, tendo em vista o exagero
com que o mercado costuma reagir.
Em 2019, podemos ter
surpresas decorrentes da inabilidade do novo governo com o Congresso,
escândalos políticos como a movimentação financeira atípica do assessor do
Flávio Bolsonaro, detectada pelo COAF, desestabilizando o governo e jogando
incertezas sobre os ativos e sobre a bolsa como um todo. No cenário
internacional, os desdobramentos da guerra comercial China x EUA, um possível
impeachment do Trump, diante da oposição dominante no Legislativo,
consequências do Brexit, com reflexo em toda a Europa, etc.
Portanto, a escolha
mais acertada para os próximos dois anos pode ser por apostas de curto a médio
prazo, não superior a 6 meses. O risco de não capturar uma valorização de
alguns ativos continua presente, diante de uma saída aparentemente precipitada,
mas permanecer com uma carteira por prazo longo sujeitará o investidor a uma
perda altamente provável diante dos fatos que se avizinham.
Pode parecer
pessimismo da minha parte, mas eu interpreto essa atitude como prudência!
0 Comments
Postar um comentário
Deixe seu comentário aqui! Críticas, sugestões, elogios. Responderei o mais breve possível.