Especialmente para aquele
investidor em que o preço de entrada e saída é previamente definido no momento
da aquisição do investimento em ações, caso do investidor fundamentalista de
médio prazo que não tem intenção de "comprar e abraçar" (buy and hold), como também para os
estrategistas para swing trade, de curto
e curtíssimo prazo, o cenário macroeconômico do Brasil e do exterior é de suma
importância para o sucesso, bem como outros fatores que influenciam na
precificação dos ativos.
A dúvida que mais atormenta o investidor é a escolha do momento de sair do investimento. Quando da entrada, deve-se selecionar os preços-alvo de saída (pelo menos dois: máximo e intermediário), podendo haver até mais para os diversos cenários possíveis e em função do histórico da ação.
A dúvida que mais atormenta o investidor é a escolha do momento de sair do investimento. Quando da entrada, deve-se selecionar os preços-alvo de saída (pelo menos dois: máximo e intermediário), podendo haver até mais para os diversos cenários possíveis e em função do histórico da ação.
Ao comprar, traça-se o cenário esperado e o preço-alvo escolhido. Deve-se também escolher o preço-alvo acima desse, em caso de ocorrência de um fato positivo ligado à empresa ou à conjuntura como um todo que faça o ativo superar o preço inicialmente projetado. O mesmo ocorre para um cenário pior do que o esperado, quando há saída antecipada, sem ganhos ou até com pequenas perdas, quando as condições já não são as esperadas para o preço-alvo principal.
A dificuldade desse processo reside no fato de identificar corretamente o cenário de referência, se há fatos novos que justifiquem a espera por preço-alvo melhor ou se, ao contrário, o cenário de referência está tendendo a não se concretizar.
Para acompanhamento de toda essa
carteira, faz-se necessária a montagem e o acompanhamento dos cenários
possíveis para o médio e longo prazos.
Pressupõe-se como possível a
configuração de pelo menos 3 cenários, um otimista, um intermediário e um
pessimista. Deve-se descrever o que se espera de cada um deles, quais eventos
devem ocorrer para confirmar ou não cada cenário e qual o resultado sobre cada
ação que compõe a carteira vigente. Ressalta-se que na verdade a partir dos 3
cenários podem se configurar outros intermediários, com gradações diferentes
dos 3 descritos como padrão.
Resumo - Montagem de cenários:
1 - Desenvolver pelo menos 3 cenários: otimista, intermediário e pessimista;
2 - Enumerar premissas macroeconômicas e específicas dos ativos da carteira ou no radar para compras;
3 - Elaborar planilha com os cenários e as premissas, valorar em termos de pontos, em caso de concretização;
4 - Totalizar a pontuação de cada cenário par identificar o que está se desenhando como mais provável.
Para isso, é necessário estabelecer uma série
de premissas para os 3 cenários possíveis e acompanhar ao longo do tempo quais
dessas está se materializando. Talvez aqui seja necessário quantificar em termos
de qual peso cada premissa teria na concretização do cenário. Uma ideia é
montar uma planilha com os 3 cenários e as várias premissas esperadas, valorar
cada uma delas em termos de pontos e, ao final, somar em termos de percentuais,
qual cenário está sendo mais provável.
É possível e até provável que surjam
premissas não previstas e não ponderadas que deverão ser acrescidas ao longo do
acompanhamento. Essas novas premissas podem corroborar as existentes ou
anulá-las total ou parcialmente. As premissas macroeconômicas e políticas, que
não podem faltar são as seguintes: perspectiva para a taxa de juros e câmbio;
calendário eleitoral, especialmente para presidente, tanto no Brasil como no
EUA; possibilidade de aprovação de reformas pelo governo vigente ou a assumir,
como no caso do Bolsonaro, especificamente; impacto de escândalos políticos;
análise do ciclo das commodities, pela importância na pauta de exportações do
Brasil (principalmente barril de petróleo, minério de ferro, produtos agrícolas
etc). Como exemplo de premissas micro (aquelas que afetam somente uma empresa
ou um setor), podemos citar: rumores de fusões e aquisições; setores mais
propensos a consolidação; entrada ou saída de uma recuperação judicial, etc.
Para não alongar muito esse
artigo, vou comentar somente duas premissas principais. Não é algo trivial a se
fazer mais é possível. Basta manter-se informado sobre os fatos divulgados
pelas empresas, as notícias econômicas mais relevantes e as decisões
governamentais mais impactantes.
Taxa de Juros
Como exemplo de premissa que deve
constar em qualquer montagem de cenário para ações é o comportamento das taxas
de juros (aperto, afrouxamento monetário ou manutenção).
Os juros mais altos favorecem a
migração da renda variável para a fixa, diminui o consumo, prejudicando o
crescimento da economia, com reflexo nas ações ligadas a varejo principalmente,
mas que se dissemina para todo o mercado, com alguns setores demorando mais
para serem afetados. O inverso provoca obviamente o efeito contrário,
favorecendo a renda variável, a alta das ações, o aumento dos lucros e
consequentemente dos dividendos.
Se o cenário for de não alteração das taxas
desde a compra da ação, os fundamentos da empresa ganham importância, pois o
ativo variará mais em função das condições internas. Claro que outros fatores influenciarão,
mas para simplificação do raciocínio, mantidas as condições macroeconômicas
gerais, e juro não é a única, a análise sobre os indicadores da empresa, do
setor e das perspectivas individuais ganham relevância nesse caso.
Em resumo, a alta nas taxas de juros
prejudica todos os ativos e o contrário também é verdade. Portanto, deve-se
acompanhar as expectativas das taxas de juros para o período que se pretender
manter determinado ativo em carteira.
Eleições
Esse fator deve ser levado em consideração
quando da definição dos vários cenários possíveis. Sempre que há no horizonte
um pleito que pode influenciar os ativos. As eleições presidenciais são especialmente
importantes, pois o plano e a ideologia do novo governo influenciará a
expectativa dos agentes econômicos e dos investidores. Se o candidato que
lidera as pesquisas for pró-mercado e mais favorável à diminuição do papel do
Estado na economia, obviamente favorece a renda variável. O contrário,
candidato intervencionista e gastador, trará mais inflação no futuro,
consequentemente mais juros e a tendência é de queda nos ativos de mais riscos.
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