Há uma diferença
óbvia de abordagem na compra de ações a depender de qual investidor você é:
fundamentalista ou trader.
O fundamentalista
costuma não concentrar muito em preço na hora de escolher uma ação para
comprar. Ele foca no valor, no que está pagando em termos de retornos futuros.
O preço de entrada só é importante para ele ao compará-lo com o valor
projetado, considerando o crescimento dos lucros futuros e a geração de valor
ao acionista ao longo do tempo. Existindo margem de segurança, ou seja,
diferença entre o preço e o valor, faz sentido a adição do ativo na carteira.
Para o trader, o
foco é outro. O prazo aqui é curto a médio e o preço torna-se extremamente
relevante, pois a busca é por assimetrias. A assimetria pode ser o afastamento
das médias móveis, fechamento fora das bandas de Bollinger, formação de fundo
próximo de suportes importantes etc. Muitos são os setups que podem gerar
entrada, com perdas limitadas e ganhos maiores. A proporção mais usual é 1 para
3: pode-se perder 1, se o ativo andar no sentido inverso ao proposto no trade;
e ganhar 3 se seguir a tendência de alta (para o caso de compra).
Outros fatores são
mais relevantes do que mesmo os fundamentos, como o lucro, o retorno sobre o
patrimônio, as margens. O principal é a tendência. Ativo lateralizado dificilmente gera uma compra. Outro aspecto importante é a volatilidade. Ela precisa está presente, pois a ideia é que o preço do ativo varie e em um curto espaço de tempo. Primeiro um esclarecimento:
o trader pode operar tanto na venda como na compra. Minha opção pessoal é por operar
somente na compra, pois a perda é de no máximo 100% do capital investido. Na
venda a perda pode ser maior, em tese. Na prática, nunca perdemos mais do que
um pequeno percentual, pois a operação será estopada antes. Portanto, opero em tendência de alta do ativo ou na reversão de uma tendência de baixa, no início do movimento, quando a assimetria é mais favorável, pois tem muito a subir e pouco a cair.
Dentro da categoria para o trader, há 3 subdivisões:
1ª - Daytrade - é aquela operação de compra e
venda do mesmo ativo dentro de um mesmo dia. É necessária dedicação integral
durante o pregão, pois o timing tem que ser perfeito e o estudo do gráfico,
suas figuras e indicadores precisam ser acompanhados até o fechamento da
operação. Não dá para fazer isso se você tiver um emprego. A desvantagem é que
os custos de corretagem são altos, o imposto de renda tem uma alíquota maior do
que as outras modalidades (20% sobre o lucro) e o estresse é gigantesco. A
longo prazo, não parece ser sustentável essa opção. Pelo menos essa é a minha
visão. Respeito quem pensa diferente, mas não conheço ninguém que tenha
construído a sua independência financeira com essa modalidade.
2ª - Swing Trade - essas operações são de curto
a curtíssimo prazo e podem durar dias ou algumas semanas. Pode-se operar dessa
forma mesmo tendo um emprego em tempo integral. O planejamento das operações
pode ser feito fora do expediente e as ordens podem ser registradas antes da
abertura do pregão. Abre uma maior possibilidade de realizar lucros maiores do
que no daytrade, pois a espera permite o desenvolvimento dos movimentos de
tendência de curto prazo. Imagino ser possível construir riqueza ao longo do
tempo com essa modalidade, desde que se monte um sistema eficiente e com
assimetria positiva (mais ganhos do que perdas e ganhos maiores do que as
perdas). Os custos de transação também são importantes e quanto menores forem
prazos, maiores serão os custos e deve-se avaliar a frequência das operações. O
risco é perder os grandes ciclos de valorização de determinados ativos, pois no
curto a médio prazo acaba não se captando todo o movimento. Isso pode ser
amenizado com sucessivas reentradas. Define-se previamente alvos e caso sejam
alcançados, realiza-se o lucro. Se o movimento de alta for muito forte,
reentra-se nas correções, montando um novo trade. Em caso de reversão do
movimento, estopa a operação com pequena perda.
3ª - Position Trade - o carregamento das
posições pode durar várias semanas a meses. Acho essa opção mais inteligente,
pois os grandes movimentos de alta às vezes demoram para maturar. A diferença para o fundamentalista é que o momento da venda irá chegar, mesmo que o ativo continue com seus fundamentos intactos. E caso
qualquer dos ativos se desenvolva de forma rápida, pode ser convertida em uma
operação de swing trade e a realização ser antecipada. Isso é mais comum do que
se imagina, quando estamos em em bull market com o atual. Operações que no
planejamento esperava-se pelo menos 3 a 6 meses, ser encerrada em poucos dias
com um lucro considerável. Uma das vantagens do position trade é que o retorno
com proventos (dividendos e juros sobre capital próprio) é um aditivo ao ganho
de capital, pois a permanência nos ativos é mais prolongada aumentando as
chances de se beneficiar das distribuições. Outra vantagem é que os custos de operação são menos relevantes, pois a frequência é menor.
Aos iniciantes no mercado de ações, é necessário testar em que modalidade melhor se adapta e se conhecer sobre o seu perfil de investidor. Importante em qualquer caso estar disposto a aprender, ler muito a respeito, assistir a vídeos e buscar treinamentos nas diversas plataformas que oferecem esse tipo de serviço. Há quem combine mais de uma modalidade na sua forma de operar: monta uma carteira para curto prazo e outra para renda com dividendos, cujo objetivo principal não é o ganho de capital. Pode ser uma ótima ideia.
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